quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

Boas Festas.


Está chegando o final de ano, comemorações, festas, presentes, nascimento de Jesus, ou seja, o Natal é uma data em que só se respira alegria, porém não é o que parece e o primeiro longa metragem dirigido pelo ator Selton Mello ilustra muito bem isso.


Feliz Natal, narra a história de uma família assombrada por seus problemas internos e externos - Caio (Leonardo Medeiros), volta pra casa para passar a noite de Natal com sua família que não o vê a algum tempo, com intuito de retornar e encontrar uma ótima recepção e não ver os problemas do passado, mas após entrar na casa em pouco tempo ele sente que nada mudou, que sua família continua a mesma, uma família composta por pessoas que não se querem e que guardam mágoas eternas. A única pessoa que realmente fica feliz em vê-lo é sua mãe Mércia, porém ela ainda tem problemas com o álcoolismo e isso estraga esse pedaço de felicidade. A direção, e também o roteiro, enfatiza muito detalhes de cada um dos integrantes dessa família, vemos closes dos rostos chorosos e tristes, as expressões de loucura e depressão dos personagens. A trama te joga em um astral extremamente pra baixo, porém revela que não se trata de um personagem que sofre com algo e sim uma família que torna-se a protagonista desta narrativa cinematográfica.


Apesar de ser um filme que não vá alegrar a todos, a obra se impõe muito bem ao apresentar-nos um outro foco de um Feliz Natal em família. O cinema pode e tem esse dever de desmitificar a alegria imposta em certos elementos sociais.


Feliz Natal

Aonde assistir, acesse:


Mais infos, acesse:

quarta-feira, 26 de novembro de 2008

Meu filho? Jamais!


Prêmio de melhor filme eleito pelo público e melhor filme nacional de ficção na Mostra de Cinema de SP em 2005, Quarta B (do diretor Marcelo Galvão) foi pouco divulgado na época de estréia, teve péssima bilheteria quando esteve em uma única sala de São Paulo em 2007, mas agora voltou - pena que somente por uma semana (até está sexta-feira dia 28/11) no HSBC Belas Artes . Acho que é pra não dar tempo da policia ficar sabendo, pois o filme é sobre um inusitado e chocante ocorrido na quarta série B de uma escola, aonde o faxineiro encontra um papelote recheado de maconha e para resolver o caso o diretor convoca uma reunião de pais em pleno domingo chuvoso para descobrir de quem é o tal carregamento. O que torna a situação surpreendente é que para desvendarem o caso, os pais resolvem fumar um baseado da droga pra chegar a uma conclusão.


Além da história, o filme é totalmente atípico e notamos isso já na direção de Galvão, câmera na mão tempo integral do filme que nos da a sensação de estarmos presente na sala de aula (aonde se passa todo o filme) participando da discussão, planos longos e cortes quase imperceptíveis e um desfecho(os) incomum, mas dai só vendo pra descobrir. O primeiro momento dramático do filme me chama a atenção, pois assim que o diretor revela o motivo da reunião dá-se inicio a uma troca de acusações entre os pais acusando o filho do outro e aqui todos os pais se colocam na defensiva com relação a suas crianças. Aqui, o filme encaixa um ponto dentro da narrativa anterior ao principal plot (de quem é o bagulho?), pois quando se trata de seu filho, ninguém desconfia e simplesmente diz: "não, meu filho não é assim", mas no fundo o pai não tem idéia do que o filho pensa e assim o molda de uma maneira até irreal e da maneira que ele quer que o filho seja .


Depois deste instante "anti-pais cegos", Galvão nos coloca na enrascada junto dos membros da reunião: fumar ou não? E assim o filme entra numa outra conversa, um pouco mais séria do que a historinha dos pais que comentei, agora a discussão vai pro nível da hipocrisia causada pela ilegalidade da droga da maconha. Essa discussão não é discarada e dialogada na reunião em si, mas fica nas entrelinhas dos diálogos e personagens revelando a intenção geral do filme. Pra finalizar, Galvão brinca bastante com a variação tonal da trama, há diversos instantes de tensão, humor e melancolia que ajudam na conclusão da obra Quarta B, que também conta com uma rica construção de personagens.
Quarta B
Aonde assistir (até 28/11): HSBC Belas Artes, Rua da Consolação, 2423


sexta-feira, 14 de novembro de 2008

" Isso aqui não é filme de ação não!"


Última Parada 174, longa dirigido por Bruno Barreto (diretor de O que é isso Companheiro? e Dona flor e seus dois maridos), é baseado em eventos reais que relatam a vida do jovem Sandro (Michel de Souza), que conseguiu paralizar o Rio de Janeiro em junho de 2000 após seqüestrar o ônibus da linha 174. Com roteiro de Bráulio Mantovani (de Cidade de Deus), o filme nos conta toda tragetória do garoto até o dia em que ele se fez conhecido pelo Brasil inteiro. Desde quando nasceu, até seu primeiro contado com as drogas, a vadiagem de se viver na rua, o contato com o sexo e com o crime - uma vida recheada de dor e frustrações. É um menino que viveu na pele o que nenhuma mãe quer para seu filho, é um menino levado pela vontade de ser alguém na vida e de ser notado. Apesar de surgir um anjo em sua vida, Marisa (Chris Viana) - a mãe que passa o filme na procura de seu verdadeiro filho, Alessandro - já é tarde de mais para devolver a consciência e o estado mental saudável a Sandro, ele já não enxerga esperança e em uma sucessão de eventos infortúnios, ele só respira o ódio.

A algum tempo atrás, está história me foi revelada com o documentário Ônibus 174, de José Padilha (Tropa de elite), me surpreendendo ao narrar o início, o meio e o fim da vida de Sandro - vale a pena assisti-lo para comparar: o documental do fato X o fato simulado pela ficção. Mesmo o diretor e o roteirista revelando, que não queriam retratar a realidade tal qual foi a história de Sandro, o filme de Bruno Barreto traz para nós um melodrama que envolve a saga fatal de Sandro, mas algo falta para enriquecer esta obra de ficção- que impecavelmente é alcançado no documentário de Padilha.


Última Parada 174
Aonde assistir, acesse: http://www.guiadasemana.com.br/film.asp?/Ultima_Parada_174/CINEMA/SAO_PAULO/&a=1&ID=11&cd_film=2214&cd_city=1&st_session=
Infos técnicas, acesse:
http://www.imdb.com/title/tt1280567/

segunda-feira, 6 de outubro de 2008

Legião de produtores.

Assim que pesquisei e assisti a 4 curta-metragens no site http://www.portacurtas.com.br/ , site dedicado a curtas brasileiros na web, decidi recomendar a vocês o curta Quase Sem Querer, do jornalista e pós-graduado em Cinema, Cristiano Luiz Freitas. O filme, que tem a duração de 15 minutos é fruto de um projeto coordenado pelo próprio Luiz, o Projeto Audiovisual da Gazetinha que consiste em criar um núcleo de discussão e produção audiovisual tendo como criadores crianças e adolescentes. Quase Sem Querer foi realizado no ano passado, mas merece destaque pois foi exibido no Festival do Rio de cinema deste ano e foi sucesso na sétima Mostra de Cinema Infantil de Florianópolis. Produzido por repórteres-mirins, o curta conta uma interessante história de amor entre Eduardo e Mônica, com certeza vocês se lembraram da música da Legião Urbana certo? É que o filme realmente faz uma homenagem a banda e principalmente a seu líder, Renato Russo, porém essa homenagem não é nada muito descarada e entra de leve no enredo, sem atrapalhar ou se sobresair na narrativa construída no projeto. Notamos um tom de humor em algumas cenas, o que deixa o curta engraçado, notamos isso principalmente em alguns personagens do filme. O que também ajuda na narrativa da história é o fato do protagonista, Eduardo (Rafael Nannetti), estar em um momento muito confuso e marcante na sua vida de adolescente, a passagem do colegial para a vida universitária, cheia de novidades e decisões a tomar e isso valoriza para prender a atenção de quem vê - principalmente a dos adolescentes. O filme em determinado momento começa a perder um pouco de seriedade, no sentido que ele fica muito meloso, ou seja, ela nos lembra as tramas "bobinhas" que acontecem por exemplo na novela Malhação da Rede Globo. Assim que Eduardo começa a "ficar"com Mônica, as cenas que ilustram esse acontecer são exageradas e há um excesso de cenas que cansa quem assiste. Fatores esses, que não destroem o valor da iniciativa do Projeto e nem o curta em si, afinal o projeto é produzido e discutido por crianças, e neste caso, principalmente por adolescentes que vivem essas situações e se identificam ao ver o filme. Apesar de estar denominado como um curta-metragem, o filme se encaixou dentro da linguagem televisiva, através do texto, do próprio enredo e até por cenas de interior que podemos notar que foram feitas em estúdios fixos (cenários físicos).
Outro fator interessante de analise é a participação de pessoas não profissionais do audiovisual na produção do curta, há uma sensação de "o filme funcionou", é esquisito, mas o uso de pessoas reais na produção e também no elenco (como por exemplo o elenco de Cidade de Deus) gera um percentual de acerto quando se pensa se o filme vai vingar. Não estou de maneira alguma desmerecendo os estudiosos, os alunos (meu caso) e profissionais formados na área, simplesmente aponto um fenômeno atual do nosso cinema brasileiro.

ps: não consegui nenhuma imagem do filme para postar. Problemas no site do PortaCurta.

QUASE SEM QUERER

Aonde assistir: http://www.portacurtas.com.br/Filme.asp?Cod=5671#

quinta-feira, 2 de outubro de 2008

Crime e o cinema (intrigante).



Antes de contar sobre o curta internético que vi hoje, gostaria de refletir sobre um assunto que está em meus pensamentos, um assunto deste século que gera sempre novas discussões: A Internet como exibidora e divulgadora de produções audiovisuais. Cada vez mais encontro dentro da Internet páginas, espaços, blogs e links que divulgam e exibem filmes nacionais, seja de grandes produtores ou não. As salas de cinema estão sendo ameaçadas (desde o lançamento do YouTube em 2005) por uma leva enorme de produções totalmente voltadas para o público da Internet, esse é um assunto interessante e motivador para os novos e futuros produtores de conteúdos de áudio e vídeo. Os produtores encontram na internet o que os multiplex (exemplo: Cinemark e Kinoplex) e distribuidoras de filmes não proporcionam, um espaço para divulgação e exibição das obras nacioanais cinematográficas ou seriam internéticinematográf....vixi ainda não tem nem nome esse fenômeno.


Ontem assisti o curta A_ética, de Pablo Villaça, um crítico de cinema da revista SET e editor do site Cinema em Cena, Pablo assina a direção e o roteiro do curta que tem duração de 15 minutos. Assim que o filme começou me senti em uma situação cliché que existe em filmes policiais e de ação, um homem amarrado na cadeira e um outro em frente a ele representando o "badguy", ambos estão numa espécie de porão escuro, pouco se vê do ambiente, graças a iluminação assinada por Marco Aurélio Ribeiro. Não sei se é porque vi o filme no próprio blog de Pablo (com qualidade inferior como ele mesmo diz no site), mas a iluminação me incomodou bastante no início, porém ela fica mais interessante no andamento, ritmo e diálogo do filme. A vítima amarrada na cadeira não sabe o porque está naquela situação e fica com muito mais medo no decorrer da conversa com seu suposto sequestrador, que é o personagem mais interessante e misterioso do filme. O matador (como suponhamos) possui uma personalidade peculiar, já na primeira cena ele discursa para sua vítima sobre o que ele pensa da ética, como um professor que acredita muito no que está falando. Eles continuam a conversar e o diálogo fica mais intenso, a vítima quer saber o porque está lá e seu agressor responde de uma maneira até psicológica, brincando com a mente da vítima nos revelando estarmos diante de um criminoso minucioso, inteligente e bastante perigoso - beirando o psicopata. A história começa a ficar melhor a partir dos 11 minutos de filme, quase no seu final, o que nos traz de volta a história com muito mais vontade de entender o porque aquele cara está lá amarrado e sendo ameaçado e o desfecho nos revela um trama muito surpreendente e confesso que tive que voltar um pouco o filme (internet maravilhosa né?) para compreender por inteiro o final do curta. A sequência das cenas, que consistiu nesse curta em cortes dos planos entre vítima/agressor, não me pareceram muito bem conectadas, tive diversas vezes a sensação de que o corte quebrava um pouco a continuidade do drama e isso me tirou a apreensão, felizmente retomanda nos minutos finais.
Outra coisa que me chamou a atenção é que o curta me fez lembrar de diversos filmes que possuem conexão com a história de Pablo. Lembrei muito do filme O Homem do Ano, de José Henrique Fonseca, aonde a vida de um homem torna-se importante a partir do instante que ele vira sem querer um matador profissional super requisitado e a temática da ética me fez lembrar da trilogia de O Poderoso Chefão de Coppola, pois apesar da família Corleone ser uma organização criminosa, eles possuem uma crença de que o perfil de vida deles é baseado em valores familiares, aonde a ética nas atitudes conta muito para a sobrevivência do legado construído por eles. Claro que não podemos compreender essa ética, apropriada pelos criminosos como algo bom, mas como algo interessante, pois atitudes morais consideradas sujas pela sociedade podem ser utilizadas de maneiras diferentes nos levando a ter uma nova visão do crime. Uma visão que nos intriga, que nos confunde e que nos é estranha, mas contanto que esses sentimentos permaneçam no momento em que assistimos a filmes, OK, pois a função dos idealizadores do cinema estará cumprida - fazer os cinespectadores refletir diante de uma obra, discutir.
A_ÉTICA

quinta-feira, 25 de setembro de 2008

Websódios...e o cinema que se cuide!


Após outras horas fuçando na internet, encontrei uma idéia genial, inédita e divertida criada pela Locaweb - empresa de hospedagem de sites no Brasil.Eles criaram a campanha "O que que é isso?", que começou com tirinhas tipo H.Q que explicavam de forma engraçada e inteligente os serviços prestados pela Locaweb. Eles foram além, quando resolveram transformar as tirinhas em vídeos para a internet, onde nesses vídeos vemos diferentes situações do dia a dia da fictícia importadora de produtos de beleza, a ZEN %. As situações são bem clichês, tem a secretária delicinha, o chefe que sempre está surtando, a funcionária "pé no saco" e por ai vai, mas com "websódios" (como eles denominam os episódios da minisérie) curtos, muito bem produzidos e que nos faz rir. A "websérie", já está em sua segunda temporada e no décimo capítulo (que estréia amanhã de acordo com o site oficial). O que assisti no youtube hoje foi o primeiro, O Carinha da TI, em que a empresa ZEN % está sem conexão nos computadores e assim estão na espera do tal carinha da TI, mas o cômico de tudo isso é que ninguém tem idéia do que seja TI e é neste plot que se desenrola a história. Está sendo muito interessente descobrir os diversos trabalhos audiovisuais que são veiculados somente para a internet, vai soar um pouco estranho, mas as salas de cinema que se cuidem!

"O QUE QUE É ISSO?"
Aonde assistir, acesse: http://www.youtube.com/user/locaweb


quarta-feira, 24 de setembro de 2008

Rápido e inteligente


Por sorte, hoje encontrei no youtube um vídeo que podemos classificá-lo como videoarte e assim poderia reforçar sobre o que disse do filme Andarilho (vide postagem anterior). O vídeo que encontrei se chama 4 roteiros para perrier e foi realizado porPedro Bastos, que assina a autoria do vídeo no crédito final e no seu perfil do youtube. O vídeo apresenta quatro diferentes experiências com o acaso da água, ou seja, Pedro se utiliza da substância água como personagem do vídeo aonde este elemento, ao ser utilizado aleatoriamente, produz uma ação. Na primeira, a água simplesmente é despejada em uma superfície e ao esparramar-se forma uma figura, que me remeteu a figura de um homem. A segunda experiência, vemos uma mancha no canto da tela, ao fundo um céu azul com nuvens e escutamos um barulho agudo, mas só vamos entender o que é aquilo quando a imagem abre e enxergamos que aquela mancha era o bico de uma chaleira fervendo água e que o barulho é deste processo. O barulho é bastante estridente e vai aumentando com o tempo, daria até para ser usado como trilha sonora em filme de suspense. Na terceira experiência, vemos um orifício que se parece com uma jarra de café, vemos bem de perto a imagem, o personagem água é despejado dentro deste recipiente e vemos na própria água o reflexo do céu que de repente começa a se mover rapidamente como se o tempo fosse acelerado. Na última experiência, vemos um objeto estranho e indecifrável, até que bolhas começam a surgir, porém nada é resolvido com relação a identificação da imagem e ela permanece estranha por mais alguns instantes, quando a imagem abre nos é revelado que a câmera estava colada a um galão de água mineral e a coloração verde que viamos era provida da luz do sol que vinha da janela e por trás do galão. Como videoarte, este trabalho se encaixou perfeitamente na formatação de menos de 3 minutos de vídeo, assim não deixou o espectador com tédio, como acontece no filme Andarilho. A mistura que o autor faz do elemento água com elementos físicos/palpáveis e com o próprio mundo (o céu e o sol) revela sim uma intenção estética interessante que nos atrai a querer ver o trabalho por inteiro e não uma repulsa ao vídeo. Apesar de nos causar um estranhamento, o vídeo é diferente e o que mais chama atenção é o uso da água como protagonista.
4 ROTEIROS PARA PERRIER

terça-feira, 23 de setembro de 2008

Andarilho (experimental exagerado)


Antes de partilhar com vocês minha crítica sobre o filme , gostaria de fazer um elogio a sala de cinema aonde fui ver hoje o filme Andarilho. Cheguei no CineSesc da R.Augusta às 2:30 da tarde, estava tudo bem tranquilo por lá. Lá possui somente uma sala, uma sala bem ampla, com um café ao fundo aonde pode-se assistir o filme tomando uma Coca-Cola e a programação conta com filmes que normalmente não encontramos nos grandes complexos de cinema da cidade. Acho incrível que eles cobrem um preço bastante acessível ao público, lá você encontrará ingressos a no máximo 10 reais e pra quem paga meia, melhor ainda! Apesar das cadeiras não serem de estofado e nem inclinar para trás o CineSesc tem todo um estilo confortável de se assistir filmes, cheio de fotos de filmes antigos na parede, noticias sobre o cinema brasileiro em murais e uma lanchonete ótima. Ahh e existe uns 6, se não mais, espaços para cadeira de rodas. É a segunda vez que assisto a um filme lá e penso em adotar o "cineclub"CineSesc como cinema oficial de meu blog, pois lá vejo um amor real com o cinema brasileiro - fora as vantagens de preço e títulos inéditos.

Bom, agora vamos ao filme. Andarilho é um filme de Cao Guimarães, nunca tinha ouvido falar dele até que  lendo sobre o filme e sobre ele entendi que Cao é um artísta plástico e cineasta mineiro. Para saber mais infos, acesse seu site oficial: http://www.caoguimaraes.com/page2/principal.php?idioma=0 Andarilho é como a continuação de outro longa de Cao, A Alma do osso (2004), que ganhou o festival É tudo Verdade de 2004 e aborda o tema da solidão. Denominado como filme do gênero documentário, Andarilho, retrata a vida nômade de três "indigentes"que tem algo em comum: andam sozinhos pelas estradas de Minas Gerais (a BR-251, BR-135 e BR-122). O primeiro andarilho que aparece, Gaúcho, possuí um diálogo extremamente dificil de se entender e que transmite a idéia de que ele não  diz nada com sentido, apesar de que quando conseguimos entender alguma palavra temos a impressão de que estamos diante de um filósofo ou um católico preocupado, pois Gaúcho fala muito em Deus, o céu e as coisas de sua vida. Já os outros dois andarilhos, Carlão e Nercino, são mais calados, permanecem em seus mundos, somente experienciam momentos efêmeros sem importância real. Passado os 20 minutos iniciais do filme, notamos que o ritmo adotado, a estética experimental que mistura diferentes enquadramentos e sons específicos e o filme em si, é um estilo de obra cinematográfica totalmente experimental ou uma obra da videoarte. O filme mantém uma cadência bastante vagarosa, sem muitas surpresas, somente várias situações destes três andarilhos vagando pelas estradas. A beleza da fotografia, que é assinada pelo próprio Cao, é de tirar o chapéu, a composição realizada cria diversas paisagens amplas na tela, coloridas e quentes, aonde nelas se encaixam os personagens de Gaúcho, Carlão e Nercino. Apesar da intenção de criação escolhida por Guimarães, vejo este filme como uma obra que não deveria estar formatada para ser um Longa-metragem, 81 minutos daquelas imagens de ritmo lento, pouquíssimos diálogos e experimentação visual deixa qualquer amante do cinema de arte de muito tédio e com a sensação de "não agüento mais". Este tipo de obra deveria ser realizada em forma de curta-metragem ou quem sabe em forma de videoarte para festivais como o Festival do Minuto e etc. A intenção de retratar a vida destas pessoas (os andarilhos), as quais não damos bola alguma, é irreverente e documental, mas não sei se uma idéia atual. Digo atual, pelo fato de que o cinema já está perdendo público para outros meios de divulgação e linguagem mais rápidos, e o filme Andarilho possui uma linguagem que não funciona mais, ninguém quer entrar numa sala de cinema para ver mais de 5 minutos de imagens sem acontecimentos sem que exista um ritmo  que as faça querer continuar assistindo ao filme. O filme vale como experiência de se ver uma obra bastante experimental e visualmente muito interessante, porém este tipo de obra não funciona mais aos olhos de nós, telespectadores do rápido e instantâneo. 

ANDARILHO (2007)



sábado, 13 de setembro de 2008

Só as mães são felizes


"Será que não tem nenhum homem nesta casa..." É mais ou menos assim a fala que Cleusa, personagem de Sandra Corveloni (atriz brasileira ganhadora do prêmio de melhor atriz em Cannes), diz para seus 4 filhos enquanto tenta desentupir o ralo da pia. O filme Linha de Passe retrata a vida desta família, que conta com Cleusa fazendo papel de mãe-paterna, pois o pai dos garotos (Dinho, Denis, Reginaldo e Dario) não é figura presente na vida dos meninos. Cada um deles possue um sonho, onde cada sonho possue sua particular dificuldade que ronda num universo da falta de uma mão, na falta de um apoio, um empurrãozinho que seja, pra que a vontade desses garotos seja concretizada. Claro, que só a mãe deles não dá conta de realizar o desejo de cada filho, apesar de ela tentar apoia-los, educando-os, o emprego dela como doméstica já está sendo prejudicado, visto que ela está na espera de um quinto filho. Em uma entrevista para revista SET, os diretores Walter Salles e Daniela Thomas contam que a idéia base de todo projeto está em volta da falta de um pai nas famílias brasileiras e a falta de um elemento, físico ou não, aonde o povo brasileiro poderia se apoiar e sentir-se seguro na luta do dia a dia. Os diretores mostram dois desses elementos aonde os brasileiros se apoiam na busca dessa segurança, um é o futebol, pois a família é fanática pelo time do Corinthians e Dario ( personagem de Vinicius de Oliveira o Josué de Central do Brasil) tenta incansálvelmente se tornar um jogador profissional de futebol, o segundo elemento é a religião, a fé, representada pelo personagem Dinho (José Geraldo rodrigues) que freqüenta uma igreja do bairro. Mas ainda assim, a intenção do longa não é nos trazer a solução desta falta patriarcal e sim apresentar-nos uma de milhares familias que brigam com a vida num país que não consegue garantir um bem estar social nas camadas mais  inferiores da população. 

Linha de Passe
Aonde assistir: 
Infos técnicas, acesse: http://www.imdb.com/title/tt1047833/

Matrix (guerrilha)


Apesar do filme ser de 2006, achei que deveria recomendar à vocês. O filme, feito pela turma do curso superior do Audiovisual da ECA-USP, é uma refilmagem da cena "rooftop sequence" do filme Matrix, sim Matrix e acreditem ou não este curta não é nenhuma sátira com dublagens maldosas e sacanas, é realmente a refilmagem da cena. De cômico apenas o nome dado ao filme, Matrix: Baixo Orçamento, e é por isso que no título da postagem escrevi guerrilha, pois grande parte das produções cinematográficas no país são feitas com pouca grana e com muita vontade e amor ao cinema - pena que a divulgação e distribuição sejam péssimas. A primeira sensação que temos ao ver o curta é de espanto, pois a verossimilhança dos efeitos especiais é incrível, a transformação do piloto de helicóptero em agente Smith é O efeito. Pra vocês verem do que estou falando comparem com a sequência original do filme (http://br.youtube.com/watch?v=9wHi4xTnLk4). Ainda estou procurando infos técnicas desse curta, tenho bastante curiosidade em saber como estudantes do cinema brasileiro conseguiram se igualar, em termos de produção e qualidade, com a produção "blockbuster" de Matrix...lá de Hollywood. Assistam que vocês terão outros olhos em relação ao cinema brasileiro e seus futuros realizadores.

Matrix: Baixo Orçamento

quinta-feira, 11 de setembro de 2008

Ensaio...



...Sobre a Cegueira. Foi o título do filme que assisti em uma sessão pré-estréia neste segunda-feira (08/09) no auditório 1 da FAAP. Há algum tempo eu já tinha ouvido falar deste título em uma aula de português que tive no 1ºsemestre de minha faculdade, era do livro de José Saramago (escritor português) que inspira o filme, mas naquela época eu não me preocupava muito. Agora sim, me preocupei. Já sabia que o novo filme, dirigido pelo diretor brasileiro Fernando "cidade de deus" Meirelles, estava pra lançar e não perdi a oportunidade de checar a novidade. De cara achei estranho que todos falavam inglês em plena São Paulo, mas dai: ahh claro...o elenco conta com estrelas como Julianne Moore, Gael Garcia Bernal, Dani Glover, Mark Ruffalo e uma brasileira já conhecida pela gente, Alice Braga que faz papel de uma garota de programa. O filme já inicia de uma maneira agitada, quando a primeira vitima da cegueira, que no filme como no livro é uma cegueira branca, perde a visão no meio do trânsito da cidade de São Paulo, a partir dai a epidemia da cegueira se espalha levando o governo a isolar as vítimas em uma velha clínica abandonada. O incomodo aos olhos dos cinespectadores se inicia a partir dai, dentro desta nova sociedade, de cegos, a convivência é levada ao extremo da selvageria e caos. Outro detalhe da história que nós deixa sempre na dúvida é o fato da personagem de Julianne Moore ser a única ali dentro que não está cega. Além da sempre impecável direção de Meirelles o filme conta com Cézar Charlone na direção de fotografia que nos coloca praticamente em uma cegueira branca, pois a imagem nos leva a essa impressão que a todo instante está na grande tela. Vendo uma entrevista com Meirelles na mesma segunda-feira que vi o filme, fiquei sabendo que Saramago adorou a versão de sua obra para o cinema, mas não foi nem um pouco com a cara do cachorro escolhido para ser o Cão das Lágrimas (personagem do livro). Mas não pense que foi tarefa fácil para Fernando toda essa produção, pelo que entendi a versão que vai para as telas de cinema nesta sexta-feira (12/09) é a 14ª, depois de muita cena e diálogos off (narração, feita por Dani glover, único cego real na história) serem eliminadas na versão final.


Apesar de não ter considerado "Blindness" um filme Brasuca, ao final, a sensação e conclusão que tive foi a de que no cinema, o desfecho, seja bom ou ruim, as vezes não é realmente necessário e o que essencialmente a obra deve nos proporcionar é algum tipo de estálo ou incomodo que ao sairmos da sala possamos ver nosso ao redor de forma diferente, tentando não sermos cegos com nosso mundo.


Ensaio Sobre a Cegueira,
Estréia nacional: 12/09/2008
Aonde assistir, acesse:
Infos técnicas, acesse: http://www.imdb.com/title/tt0861689/