sábado, 25 de julho de 2009

Nesse filme, já sabemos o desfecho.


No dia 22 de Julho de 2005, em Londres, morreu o brasileiro Jean Charles de Menezes. Confudido com um homem-bomba, o imigrante foi baleado por agentes da Scotland Yard dentro de um metro. Baseado nesta tragédia, o diretor brasileiro Henrique Goldman (Princesa,2001) estreou no mês passado o longa Jean Charles que ilustra a vida e morte do brasileiro, que vivia em uma pequena casa nos subúrbios da cidade londrina.


Interpretado por Selton Mello, o filme retrata a luta de Jean Charles que viveu de eletricista na cidade de Londres. O filme também conta com a atriz Vanessa Giácomo (atriz de várias novelas da Globo) que faz o papel de Vivian, prima de Jean, que vai com a ajuda dele a Londres em busca de uma vida melhor. Apesar de sabermos que cada passo que Jean dá, o levará a uma tragédia imoral, o filme mostra a inocência e solidariedade do rapaz que ajuda todos a sua volta, desde sua família (enviando dinheiro para sua mãe no Brasil) até seus colegas de trabalho, descolando de forma ilegal vistos para que eles possam ver suas famílias fora da Inglaterra.


O trabalho do diretor e o papel crucial do filme foi ilustrar a partir de uma história triste, o que dezenas de outros imigrantes passam ao tentarem um sonho de uma vida melhor fora de seus paises de origem. O filme é uma bomba nos olhos da relação imigracional mundial e de certa forma, é um filme de qualidade e pode até ser considerado um documentário sob o ponto de vista do escândalo gerado com a morte de Jean Charles.


Aonde assistir:


terça-feira, 5 de maio de 2009

Ousadia entre artes


Li uma matéria no Estadão esse final de semana sobre um novo fazer do cinema e do teatro dentro do meio da internet. Um grupo que faz encenações ao vivo pela internet e outro que realiza diversas séries (teatro pela internet) utilizando apenas uma casa como ambientação e locação. Este último (Teatro Para Alguém), é realizado por Renata Jesion e Nelson Kao, e me chamou muita a atenção já pelo esquema do site em que você vê um desenho de uma casa e você mesmo escolhe aonde quer ir ver aos trabalhos, no porão, na sala, no banheiro, no quarto e no sotão.


Fui a procura no site do projeto Teatro Para Alguém, a minisérie de Lourenço Mutarelli, Corpo Estranho, que já está em sua segunda temporada. Detalhe, para ver a primeira temporada dirijam-se ao porão da casa ok? Um projeto com uma estética de comunicação totalmente atual, eles disponibilizam para o usuário assistir às séries em telas como no site de vídeos You Tube. Há tantos vídeos que ainda não tive a oportunidade de assistir todo material, mas o interessante disso tudo é a maneira de que esses realizadores encontraram para criar uma obra que mescle um pouco do cinema, do teatro, da televisão e da internet. Esse experimentalismo, se assim podemos defini-lo, nos ilustra e até prova o quanto a universo da internet dá cada vez mais possibilidades de criação, mercado e inovação!
Aonde assistir:




sexta-feira, 13 de março de 2009

Um curta de verdade.

Em um daqueles dias em que você não quer estar na sala de aula, mas está, conheci o trabalho cinematográfico Evidências. De acordo com seu diretor Rafael Jannareli, o curta-metragem homenageia o cinema noir e conta a história de Salvador, um detetive particular que se encontra totalmente por fora das novidades em sua área de atividade, porém um dia seu escritório recebe uma ligação que muda a rotina monôtoma de seu trabalho.
Com produção de Fábio Sallva, o curta foi rodado ano passado e foi totalmente produzido pelos alunos do 4ºsemestre de cinema da FAAP que passaram por algumas dificuldades na filmagem do filme. Em entrevista para o programa FAAP FAZ (http://www.umanovaordem.com/), os realizadores contaram que no dia da filmagem a câmera não funcionou e atrasou completamente o cronograma da produção, o ator que interpreta Salvador (Zé Roberto Marx) perdeu a comemoração do aniversário de casamento para terminar o curta.
Evidências traz conteúdo para o universo do curta-metragem, pois o que se vê em trabalhos de curta - principalmente nas universidades, são histórias demasiadas subjetivas que deixam o cinespectador querendo mais e muitas vezes sem entender o que foi filmado e o que o diretor quis dizer com aquilo. O trabalho do diretor Rafael, em Evidências, é de uma simplicidade que na realidade faz com que o curta seja grandioso e marcante.
Evidências,2008
Aonde assistir: www.sallva.com/evidencias.html

quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

Boas Festas.


Está chegando o final de ano, comemorações, festas, presentes, nascimento de Jesus, ou seja, o Natal é uma data em que só se respira alegria, porém não é o que parece e o primeiro longa metragem dirigido pelo ator Selton Mello ilustra muito bem isso.


Feliz Natal, narra a história de uma família assombrada por seus problemas internos e externos - Caio (Leonardo Medeiros), volta pra casa para passar a noite de Natal com sua família que não o vê a algum tempo, com intuito de retornar e encontrar uma ótima recepção e não ver os problemas do passado, mas após entrar na casa em pouco tempo ele sente que nada mudou, que sua família continua a mesma, uma família composta por pessoas que não se querem e que guardam mágoas eternas. A única pessoa que realmente fica feliz em vê-lo é sua mãe Mércia, porém ela ainda tem problemas com o álcoolismo e isso estraga esse pedaço de felicidade. A direção, e também o roteiro, enfatiza muito detalhes de cada um dos integrantes dessa família, vemos closes dos rostos chorosos e tristes, as expressões de loucura e depressão dos personagens. A trama te joga em um astral extremamente pra baixo, porém revela que não se trata de um personagem que sofre com algo e sim uma família que torna-se a protagonista desta narrativa cinematográfica.


Apesar de ser um filme que não vá alegrar a todos, a obra se impõe muito bem ao apresentar-nos um outro foco de um Feliz Natal em família. O cinema pode e tem esse dever de desmitificar a alegria imposta em certos elementos sociais.


Feliz Natal

Aonde assistir, acesse:


Mais infos, acesse:

quarta-feira, 26 de novembro de 2008

Meu filho? Jamais!


Prêmio de melhor filme eleito pelo público e melhor filme nacional de ficção na Mostra de Cinema de SP em 2005, Quarta B (do diretor Marcelo Galvão) foi pouco divulgado na época de estréia, teve péssima bilheteria quando esteve em uma única sala de São Paulo em 2007, mas agora voltou - pena que somente por uma semana (até está sexta-feira dia 28/11) no HSBC Belas Artes . Acho que é pra não dar tempo da policia ficar sabendo, pois o filme é sobre um inusitado e chocante ocorrido na quarta série B de uma escola, aonde o faxineiro encontra um papelote recheado de maconha e para resolver o caso o diretor convoca uma reunião de pais em pleno domingo chuvoso para descobrir de quem é o tal carregamento. O que torna a situação surpreendente é que para desvendarem o caso, os pais resolvem fumar um baseado da droga pra chegar a uma conclusão.


Além da história, o filme é totalmente atípico e notamos isso já na direção de Galvão, câmera na mão tempo integral do filme que nos da a sensação de estarmos presente na sala de aula (aonde se passa todo o filme) participando da discussão, planos longos e cortes quase imperceptíveis e um desfecho(os) incomum, mas dai só vendo pra descobrir. O primeiro momento dramático do filme me chama a atenção, pois assim que o diretor revela o motivo da reunião dá-se inicio a uma troca de acusações entre os pais acusando o filho do outro e aqui todos os pais se colocam na defensiva com relação a suas crianças. Aqui, o filme encaixa um ponto dentro da narrativa anterior ao principal plot (de quem é o bagulho?), pois quando se trata de seu filho, ninguém desconfia e simplesmente diz: "não, meu filho não é assim", mas no fundo o pai não tem idéia do que o filho pensa e assim o molda de uma maneira até irreal e da maneira que ele quer que o filho seja .


Depois deste instante "anti-pais cegos", Galvão nos coloca na enrascada junto dos membros da reunião: fumar ou não? E assim o filme entra numa outra conversa, um pouco mais séria do que a historinha dos pais que comentei, agora a discussão vai pro nível da hipocrisia causada pela ilegalidade da droga da maconha. Essa discussão não é discarada e dialogada na reunião em si, mas fica nas entrelinhas dos diálogos e personagens revelando a intenção geral do filme. Pra finalizar, Galvão brinca bastante com a variação tonal da trama, há diversos instantes de tensão, humor e melancolia que ajudam na conclusão da obra Quarta B, que também conta com uma rica construção de personagens.
Quarta B
Aonde assistir (até 28/11): HSBC Belas Artes, Rua da Consolação, 2423