quinta-feira, 25 de setembro de 2008

Websódios...e o cinema que se cuide!


Após outras horas fuçando na internet, encontrei uma idéia genial, inédita e divertida criada pela Locaweb - empresa de hospedagem de sites no Brasil.Eles criaram a campanha "O que que é isso?", que começou com tirinhas tipo H.Q que explicavam de forma engraçada e inteligente os serviços prestados pela Locaweb. Eles foram além, quando resolveram transformar as tirinhas em vídeos para a internet, onde nesses vídeos vemos diferentes situações do dia a dia da fictícia importadora de produtos de beleza, a ZEN %. As situações são bem clichês, tem a secretária delicinha, o chefe que sempre está surtando, a funcionária "pé no saco" e por ai vai, mas com "websódios" (como eles denominam os episódios da minisérie) curtos, muito bem produzidos e que nos faz rir. A "websérie", já está em sua segunda temporada e no décimo capítulo (que estréia amanhã de acordo com o site oficial). O que assisti no youtube hoje foi o primeiro, O Carinha da TI, em que a empresa ZEN % está sem conexão nos computadores e assim estão na espera do tal carinha da TI, mas o cômico de tudo isso é que ninguém tem idéia do que seja TI e é neste plot que se desenrola a história. Está sendo muito interessente descobrir os diversos trabalhos audiovisuais que são veiculados somente para a internet, vai soar um pouco estranho, mas as salas de cinema que se cuidem!

"O QUE QUE É ISSO?"
Aonde assistir, acesse: http://www.youtube.com/user/locaweb


quarta-feira, 24 de setembro de 2008

Rápido e inteligente


Por sorte, hoje encontrei no youtube um vídeo que podemos classificá-lo como videoarte e assim poderia reforçar sobre o que disse do filme Andarilho (vide postagem anterior). O vídeo que encontrei se chama 4 roteiros para perrier e foi realizado porPedro Bastos, que assina a autoria do vídeo no crédito final e no seu perfil do youtube. O vídeo apresenta quatro diferentes experiências com o acaso da água, ou seja, Pedro se utiliza da substância água como personagem do vídeo aonde este elemento, ao ser utilizado aleatoriamente, produz uma ação. Na primeira, a água simplesmente é despejada em uma superfície e ao esparramar-se forma uma figura, que me remeteu a figura de um homem. A segunda experiência, vemos uma mancha no canto da tela, ao fundo um céu azul com nuvens e escutamos um barulho agudo, mas só vamos entender o que é aquilo quando a imagem abre e enxergamos que aquela mancha era o bico de uma chaleira fervendo água e que o barulho é deste processo. O barulho é bastante estridente e vai aumentando com o tempo, daria até para ser usado como trilha sonora em filme de suspense. Na terceira experiência, vemos um orifício que se parece com uma jarra de café, vemos bem de perto a imagem, o personagem água é despejado dentro deste recipiente e vemos na própria água o reflexo do céu que de repente começa a se mover rapidamente como se o tempo fosse acelerado. Na última experiência, vemos um objeto estranho e indecifrável, até que bolhas começam a surgir, porém nada é resolvido com relação a identificação da imagem e ela permanece estranha por mais alguns instantes, quando a imagem abre nos é revelado que a câmera estava colada a um galão de água mineral e a coloração verde que viamos era provida da luz do sol que vinha da janela e por trás do galão. Como videoarte, este trabalho se encaixou perfeitamente na formatação de menos de 3 minutos de vídeo, assim não deixou o espectador com tédio, como acontece no filme Andarilho. A mistura que o autor faz do elemento água com elementos físicos/palpáveis e com o próprio mundo (o céu e o sol) revela sim uma intenção estética interessante que nos atrai a querer ver o trabalho por inteiro e não uma repulsa ao vídeo. Apesar de nos causar um estranhamento, o vídeo é diferente e o que mais chama atenção é o uso da água como protagonista.
4 ROTEIROS PARA PERRIER

terça-feira, 23 de setembro de 2008

Andarilho (experimental exagerado)


Antes de partilhar com vocês minha crítica sobre o filme , gostaria de fazer um elogio a sala de cinema aonde fui ver hoje o filme Andarilho. Cheguei no CineSesc da R.Augusta às 2:30 da tarde, estava tudo bem tranquilo por lá. Lá possui somente uma sala, uma sala bem ampla, com um café ao fundo aonde pode-se assistir o filme tomando uma Coca-Cola e a programação conta com filmes que normalmente não encontramos nos grandes complexos de cinema da cidade. Acho incrível que eles cobrem um preço bastante acessível ao público, lá você encontrará ingressos a no máximo 10 reais e pra quem paga meia, melhor ainda! Apesar das cadeiras não serem de estofado e nem inclinar para trás o CineSesc tem todo um estilo confortável de se assistir filmes, cheio de fotos de filmes antigos na parede, noticias sobre o cinema brasileiro em murais e uma lanchonete ótima. Ahh e existe uns 6, se não mais, espaços para cadeira de rodas. É a segunda vez que assisto a um filme lá e penso em adotar o "cineclub"CineSesc como cinema oficial de meu blog, pois lá vejo um amor real com o cinema brasileiro - fora as vantagens de preço e títulos inéditos.

Bom, agora vamos ao filme. Andarilho é um filme de Cao Guimarães, nunca tinha ouvido falar dele até que  lendo sobre o filme e sobre ele entendi que Cao é um artísta plástico e cineasta mineiro. Para saber mais infos, acesse seu site oficial: http://www.caoguimaraes.com/page2/principal.php?idioma=0 Andarilho é como a continuação de outro longa de Cao, A Alma do osso (2004), que ganhou o festival É tudo Verdade de 2004 e aborda o tema da solidão. Denominado como filme do gênero documentário, Andarilho, retrata a vida nômade de três "indigentes"que tem algo em comum: andam sozinhos pelas estradas de Minas Gerais (a BR-251, BR-135 e BR-122). O primeiro andarilho que aparece, Gaúcho, possuí um diálogo extremamente dificil de se entender e que transmite a idéia de que ele não  diz nada com sentido, apesar de que quando conseguimos entender alguma palavra temos a impressão de que estamos diante de um filósofo ou um católico preocupado, pois Gaúcho fala muito em Deus, o céu e as coisas de sua vida. Já os outros dois andarilhos, Carlão e Nercino, são mais calados, permanecem em seus mundos, somente experienciam momentos efêmeros sem importância real. Passado os 20 minutos iniciais do filme, notamos que o ritmo adotado, a estética experimental que mistura diferentes enquadramentos e sons específicos e o filme em si, é um estilo de obra cinematográfica totalmente experimental ou uma obra da videoarte. O filme mantém uma cadência bastante vagarosa, sem muitas surpresas, somente várias situações destes três andarilhos vagando pelas estradas. A beleza da fotografia, que é assinada pelo próprio Cao, é de tirar o chapéu, a composição realizada cria diversas paisagens amplas na tela, coloridas e quentes, aonde nelas se encaixam os personagens de Gaúcho, Carlão e Nercino. Apesar da intenção de criação escolhida por Guimarães, vejo este filme como uma obra que não deveria estar formatada para ser um Longa-metragem, 81 minutos daquelas imagens de ritmo lento, pouquíssimos diálogos e experimentação visual deixa qualquer amante do cinema de arte de muito tédio e com a sensação de "não agüento mais". Este tipo de obra deveria ser realizada em forma de curta-metragem ou quem sabe em forma de videoarte para festivais como o Festival do Minuto e etc. A intenção de retratar a vida destas pessoas (os andarilhos), as quais não damos bola alguma, é irreverente e documental, mas não sei se uma idéia atual. Digo atual, pelo fato de que o cinema já está perdendo público para outros meios de divulgação e linguagem mais rápidos, e o filme Andarilho possui uma linguagem que não funciona mais, ninguém quer entrar numa sala de cinema para ver mais de 5 minutos de imagens sem acontecimentos sem que exista um ritmo  que as faça querer continuar assistindo ao filme. O filme vale como experiência de se ver uma obra bastante experimental e visualmente muito interessante, porém este tipo de obra não funciona mais aos olhos de nós, telespectadores do rápido e instantâneo. 

ANDARILHO (2007)



sábado, 13 de setembro de 2008

Só as mães são felizes


"Será que não tem nenhum homem nesta casa..." É mais ou menos assim a fala que Cleusa, personagem de Sandra Corveloni (atriz brasileira ganhadora do prêmio de melhor atriz em Cannes), diz para seus 4 filhos enquanto tenta desentupir o ralo da pia. O filme Linha de Passe retrata a vida desta família, que conta com Cleusa fazendo papel de mãe-paterna, pois o pai dos garotos (Dinho, Denis, Reginaldo e Dario) não é figura presente na vida dos meninos. Cada um deles possue um sonho, onde cada sonho possue sua particular dificuldade que ronda num universo da falta de uma mão, na falta de um apoio, um empurrãozinho que seja, pra que a vontade desses garotos seja concretizada. Claro, que só a mãe deles não dá conta de realizar o desejo de cada filho, apesar de ela tentar apoia-los, educando-os, o emprego dela como doméstica já está sendo prejudicado, visto que ela está na espera de um quinto filho. Em uma entrevista para revista SET, os diretores Walter Salles e Daniela Thomas contam que a idéia base de todo projeto está em volta da falta de um pai nas famílias brasileiras e a falta de um elemento, físico ou não, aonde o povo brasileiro poderia se apoiar e sentir-se seguro na luta do dia a dia. Os diretores mostram dois desses elementos aonde os brasileiros se apoiam na busca dessa segurança, um é o futebol, pois a família é fanática pelo time do Corinthians e Dario ( personagem de Vinicius de Oliveira o Josué de Central do Brasil) tenta incansálvelmente se tornar um jogador profissional de futebol, o segundo elemento é a religião, a fé, representada pelo personagem Dinho (José Geraldo rodrigues) que freqüenta uma igreja do bairro. Mas ainda assim, a intenção do longa não é nos trazer a solução desta falta patriarcal e sim apresentar-nos uma de milhares familias que brigam com a vida num país que não consegue garantir um bem estar social nas camadas mais  inferiores da população. 

Linha de Passe
Aonde assistir: 
Infos técnicas, acesse: http://www.imdb.com/title/tt1047833/

Matrix (guerrilha)


Apesar do filme ser de 2006, achei que deveria recomendar à vocês. O filme, feito pela turma do curso superior do Audiovisual da ECA-USP, é uma refilmagem da cena "rooftop sequence" do filme Matrix, sim Matrix e acreditem ou não este curta não é nenhuma sátira com dublagens maldosas e sacanas, é realmente a refilmagem da cena. De cômico apenas o nome dado ao filme, Matrix: Baixo Orçamento, e é por isso que no título da postagem escrevi guerrilha, pois grande parte das produções cinematográficas no país são feitas com pouca grana e com muita vontade e amor ao cinema - pena que a divulgação e distribuição sejam péssimas. A primeira sensação que temos ao ver o curta é de espanto, pois a verossimilhança dos efeitos especiais é incrível, a transformação do piloto de helicóptero em agente Smith é O efeito. Pra vocês verem do que estou falando comparem com a sequência original do filme (http://br.youtube.com/watch?v=9wHi4xTnLk4). Ainda estou procurando infos técnicas desse curta, tenho bastante curiosidade em saber como estudantes do cinema brasileiro conseguiram se igualar, em termos de produção e qualidade, com a produção "blockbuster" de Matrix...lá de Hollywood. Assistam que vocês terão outros olhos em relação ao cinema brasileiro e seus futuros realizadores.

Matrix: Baixo Orçamento

quinta-feira, 11 de setembro de 2008

Ensaio...



...Sobre a Cegueira. Foi o título do filme que assisti em uma sessão pré-estréia neste segunda-feira (08/09) no auditório 1 da FAAP. Há algum tempo eu já tinha ouvido falar deste título em uma aula de português que tive no 1ºsemestre de minha faculdade, era do livro de José Saramago (escritor português) que inspira o filme, mas naquela época eu não me preocupava muito. Agora sim, me preocupei. Já sabia que o novo filme, dirigido pelo diretor brasileiro Fernando "cidade de deus" Meirelles, estava pra lançar e não perdi a oportunidade de checar a novidade. De cara achei estranho que todos falavam inglês em plena São Paulo, mas dai: ahh claro...o elenco conta com estrelas como Julianne Moore, Gael Garcia Bernal, Dani Glover, Mark Ruffalo e uma brasileira já conhecida pela gente, Alice Braga que faz papel de uma garota de programa. O filme já inicia de uma maneira agitada, quando a primeira vitima da cegueira, que no filme como no livro é uma cegueira branca, perde a visão no meio do trânsito da cidade de São Paulo, a partir dai a epidemia da cegueira se espalha levando o governo a isolar as vítimas em uma velha clínica abandonada. O incomodo aos olhos dos cinespectadores se inicia a partir dai, dentro desta nova sociedade, de cegos, a convivência é levada ao extremo da selvageria e caos. Outro detalhe da história que nós deixa sempre na dúvida é o fato da personagem de Julianne Moore ser a única ali dentro que não está cega. Além da sempre impecável direção de Meirelles o filme conta com Cézar Charlone na direção de fotografia que nos coloca praticamente em uma cegueira branca, pois a imagem nos leva a essa impressão que a todo instante está na grande tela. Vendo uma entrevista com Meirelles na mesma segunda-feira que vi o filme, fiquei sabendo que Saramago adorou a versão de sua obra para o cinema, mas não foi nem um pouco com a cara do cachorro escolhido para ser o Cão das Lágrimas (personagem do livro). Mas não pense que foi tarefa fácil para Fernando toda essa produção, pelo que entendi a versão que vai para as telas de cinema nesta sexta-feira (12/09) é a 14ª, depois de muita cena e diálogos off (narração, feita por Dani glover, único cego real na história) serem eliminadas na versão final.


Apesar de não ter considerado "Blindness" um filme Brasuca, ao final, a sensação e conclusão que tive foi a de que no cinema, o desfecho, seja bom ou ruim, as vezes não é realmente necessário e o que essencialmente a obra deve nos proporcionar é algum tipo de estálo ou incomodo que ao sairmos da sala possamos ver nosso ao redor de forma diferente, tentando não sermos cegos com nosso mundo.


Ensaio Sobre a Cegueira,
Estréia nacional: 12/09/2008
Aonde assistir, acesse:
Infos técnicas, acesse: http://www.imdb.com/title/tt0861689/