terça-feira, 23 de setembro de 2008

Andarilho (experimental exagerado)


Antes de partilhar com vocês minha crítica sobre o filme , gostaria de fazer um elogio a sala de cinema aonde fui ver hoje o filme Andarilho. Cheguei no CineSesc da R.Augusta às 2:30 da tarde, estava tudo bem tranquilo por lá. Lá possui somente uma sala, uma sala bem ampla, com um café ao fundo aonde pode-se assistir o filme tomando uma Coca-Cola e a programação conta com filmes que normalmente não encontramos nos grandes complexos de cinema da cidade. Acho incrível que eles cobrem um preço bastante acessível ao público, lá você encontrará ingressos a no máximo 10 reais e pra quem paga meia, melhor ainda! Apesar das cadeiras não serem de estofado e nem inclinar para trás o CineSesc tem todo um estilo confortável de se assistir filmes, cheio de fotos de filmes antigos na parede, noticias sobre o cinema brasileiro em murais e uma lanchonete ótima. Ahh e existe uns 6, se não mais, espaços para cadeira de rodas. É a segunda vez que assisto a um filme lá e penso em adotar o "cineclub"CineSesc como cinema oficial de meu blog, pois lá vejo um amor real com o cinema brasileiro - fora as vantagens de preço e títulos inéditos.

Bom, agora vamos ao filme. Andarilho é um filme de Cao Guimarães, nunca tinha ouvido falar dele até que  lendo sobre o filme e sobre ele entendi que Cao é um artísta plástico e cineasta mineiro. Para saber mais infos, acesse seu site oficial: http://www.caoguimaraes.com/page2/principal.php?idioma=0 Andarilho é como a continuação de outro longa de Cao, A Alma do osso (2004), que ganhou o festival É tudo Verdade de 2004 e aborda o tema da solidão. Denominado como filme do gênero documentário, Andarilho, retrata a vida nômade de três "indigentes"que tem algo em comum: andam sozinhos pelas estradas de Minas Gerais (a BR-251, BR-135 e BR-122). O primeiro andarilho que aparece, Gaúcho, possuí um diálogo extremamente dificil de se entender e que transmite a idéia de que ele não  diz nada com sentido, apesar de que quando conseguimos entender alguma palavra temos a impressão de que estamos diante de um filósofo ou um católico preocupado, pois Gaúcho fala muito em Deus, o céu e as coisas de sua vida. Já os outros dois andarilhos, Carlão e Nercino, são mais calados, permanecem em seus mundos, somente experienciam momentos efêmeros sem importância real. Passado os 20 minutos iniciais do filme, notamos que o ritmo adotado, a estética experimental que mistura diferentes enquadramentos e sons específicos e o filme em si, é um estilo de obra cinematográfica totalmente experimental ou uma obra da videoarte. O filme mantém uma cadência bastante vagarosa, sem muitas surpresas, somente várias situações destes três andarilhos vagando pelas estradas. A beleza da fotografia, que é assinada pelo próprio Cao, é de tirar o chapéu, a composição realizada cria diversas paisagens amplas na tela, coloridas e quentes, aonde nelas se encaixam os personagens de Gaúcho, Carlão e Nercino. Apesar da intenção de criação escolhida por Guimarães, vejo este filme como uma obra que não deveria estar formatada para ser um Longa-metragem, 81 minutos daquelas imagens de ritmo lento, pouquíssimos diálogos e experimentação visual deixa qualquer amante do cinema de arte de muito tédio e com a sensação de "não agüento mais". Este tipo de obra deveria ser realizada em forma de curta-metragem ou quem sabe em forma de videoarte para festivais como o Festival do Minuto e etc. A intenção de retratar a vida destas pessoas (os andarilhos), as quais não damos bola alguma, é irreverente e documental, mas não sei se uma idéia atual. Digo atual, pelo fato de que o cinema já está perdendo público para outros meios de divulgação e linguagem mais rápidos, e o filme Andarilho possui uma linguagem que não funciona mais, ninguém quer entrar numa sala de cinema para ver mais de 5 minutos de imagens sem acontecimentos sem que exista um ritmo  que as faça querer continuar assistindo ao filme. O filme vale como experiência de se ver uma obra bastante experimental e visualmente muito interessante, porém este tipo de obra não funciona mais aos olhos de nós, telespectadores do rápido e instantâneo. 

ANDARILHO (2007)



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